No meu jardim
No meu jardim
No meu jardim
Um delírio, um sentimento... um pulsar sonoro... um silêncio ao contrário...
Foi de repente, mas seu olhar penetrava-me de maneira tal, que jamais
desvendaria o seu significado. Gélido, pálido, estático. Esta fora a última
imagem que tive dela, a menina de olhos parados dentro de uma caixinha de música.
Seria ela bailarina?
Seria ela a que me fascina?
Seria ela sorridente?
Teria ela perninhas saltitantes, jeito de mulher
ou jeito de menina?
Isso que me encanta neste lugar, aqui fico sentada divagando sobre cada um que por aqui passa.
Todos têm algo em comum: o olhar gélido de quem nada olha, ou olha o nada apenas... Não sei. Sei que de todos que aqui passam, ela é a que mais me encanta. Acho que casaria com ela, acho que deixaria de vir aqui por ela.
Não era apenas seu olhar: gélido, pálido, infantil, mas ela tinha mais... Ela tinha um brilho que os
outros perdiam, ela tinha nos lábios um leve sorriso. Ela sorria pra mim... Ela me desejava também.
“Amanhã volto aqui” - dizia, e sempre voltava.
Sentava ali, e ali lia livros diversos, poesia, romances, contos. Todos os contos que se possa
imaginar. Cantava às vezes, mas acho que ela não gostava muito das músicas que recitava, nem
todos têm ouvidos para erudito.
Ela era bela, e assim permanecia – a menina-mulher de olhos gélidos e infantis.